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o ciclo de querer

querer
 v.t.:
1. ter vontade, desejar:
2. gostar de:
3. exigir, pedir;
s.m:
1. vontade, desejo.

Como alguma banda marítima já disse: “quero sim, quero até pela metade, de tudo eu quero um pouco e você sabe.” Por um bom tempo, fiquei presa ao verso. Grudado em minha mente e repetido como um pequeno mantra, bem baixinho, só pro vento escutar.

Por muito tempo eu até acreditei que qualquer migalha é o suficiente e que de caco em caco daria pra consertar algo quebrado. Desejar algo vira sua mente de cabeça pra baixo e só faz com que você perca horas a fio tentando encontrar as dúvidas certas, suas respostas e no final, uma saída.
            
Depois de desejar, algo na sua cabeça te convence que aquilo é a coisa mais certa da sua vida e que você está plenamente dentro disso. Suas roupas, seu jeito de falar, até a maneira que anda: os mais próximos dizem que não te reconhecem – e você insiste em dizer que “sempre foi assim”.
            
E é aí que tudo dá errado: essa busca por alguma coisa, por alguém te deixa contra a parede e você começa a exigir coisas. A hora em que todas as suas convicções serão avaliadas, onde no fundo do peito você só quer se vangloriar e dizer para todo mundo que esteve sempre certo. Nunca dá.
            
Pede, implora, chora, bebe, quebra copo, queima carta e joga vaso na parede. Grita, esperneia, implora. Volta pra cama e fica deitado por horas, dias, sem fome de vida. Escuta mixtape com músicas dos anos 80 e se pergunta como conseguiu ser tão trouxa o tempo todo. Eu, você e metade do planeta já passamos por isso. Com o tempo você aprende que o fundo do poço pode ser confortável e até produtivo: poesia, música, desenho e dor. A melhor coisa que o sofrimento pode se tornar é arte.

Todo esse desejo volta. Uma nova obsessão, um novo rosto no bairro, o crush virtual ou um bar diferente. E começa tudo de novo, até encontrar algo que acabe com você de vez.

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